terça-feira, 7 de outubro de 2014

Uma Breve História dos Moto Clubes Americanos
por William L. Dulaney






“A TRADUÇÃO ORIGINAL E OUTRAS EXPLICAÇÕES”

Ao iniciar a tradução utilizamos o termo “Outlaw Motorcycle Clubs” na sua designação mais natural, ou seja, moto clubes “fora da lei”, no entanto,como o termo foi usado pelo autor no sentido conotativo, simplesmente definindo “fora da lei” como aqueles moto clubes que não faziam parte da AMA, preferir manter o termo na língua de origem. O principal motivo dessa decisão foi evitar com que pedaços do texto traduzido se espalhassem pela internet sem a devida menção da fonte (coisa comum na rede) e fossem mal interpretados, servindo de argumento para que alguns “informados” começassem a comentar que os moto clubes americanos iniciaram-se pela irmandade de homens fora da lei.
Nesta nova versão, achamos por bem trocar o termo “Outlaw Motorcycle Clubs” por uma expressão mais comum no 
Brasil, ou seja, “Moto Clubes de Tradição”. Assim, acreditamos estar deixando o texto em sintonia com a realidade brasileira.
Tenham que esta tradução foi feita no intuito de trazer um pouco da história dos moto clubes americanos e o porquê das muitas peculiaridades dos mesmos. Oportunamente, pretendemos escrever sobre a diferença dos moto clubes brasileiros em relação aos americanos e qual a nossa vantagem em relação a isso.

Por fim, esta tradução foi feita de forma livre e o tradutor não se responsabiliza por erros que eventualmente tenham ocorridos (procuramos ser fiel à idéia do autor tanto quanto o possível, no entanto, não nos mantivemos fiel ao(texto ipse literes).

“O surgimento dos Moto Clubes de Tradição e as primeiras aventuras sobre duas rodas….”
Provavelmente o primeiro moto clube que apareceu após a grande depressão e que se mantem vivo até hoje é o Cook Outlaws M.C. (1936).
Esse grupo era radicado em Cook, cidade de Illinois e mantinha seu território até Chicago. O Cook Outlaws M.C. tornou-se mais tarde o Chicago Outlaws MC e hoje é conhecido como Outlaws Motorcycle Club ou Outlaws MC.
De acordo com um membro dos Outlaws MC, na estrada a mais de vinte e cinco anos, os integrantes mais antigos da sua organização reunião-se para fazer grandes viagens. Em uma época em que as embreagens eram acionadas pelos pés e as estradas eram extremamente ruins, essas excussões eram verdadeiras aventuras sobre duas rodas. Em alguns trechos era necessário escalar montes e percorrer trilhas lisas com ½ km de distância ou ainda se equilibrar em trilhas ovais sobre placas de madeira. Um aspecto secundário dos motociclistas era o consumo maciço de álcool e a devassidão amigável, que era geral.

O símbolo dos Outlaws M.C. era gravado na parte detrás dos coletes e consistia simplesmente no nome do clube; as vestes e os revestimentos de couro, assim como o escudo e símbolos de cada facção não existiam no princípio. É interessante notar que de acordo com o site do Outlaws M.C., o logotipo do moto clube (isto é “Charlie,” um crânio centrados sobre dois pistões e bielas cruzadas, similares a bandeira do pirata Jolly Roger) foi influenciado pelo vestuário do filme The Wild One, estrelado por Marlon Brando em 1954.
“O Moto Clube mais antigo….”
Em um universo basicamente masculino, é um moto clube feminino chamado Motormaids que mantêm o título de moto clube mais antigo (mais de 60 anos) de acordo a American Motorcyclist Association Club – AMA a (associação concedeu sua carta patente de moto clube mais antigo em 1940). O Outlaw M.C. reivindicou uma linhagem ligeiramente mais longa, no entanto, como este realizou pelo menos duas modificações em seu nome no decorrer do tempo, não conseguiu lograr êxito. As Motormaids M.C. mantiveram uma identidade singular e uma estrutura hierárquica interna igual desde seu início.
Por este motivo é o clube de motocicleta mais velho do mundo, mais velho inclusive que o clube mundialmente famoso Hells Angels M.C. que teve origem em 1947.
“O fim da II Guerra e o surgimento de uma nova filosofia para os Moto Clubes…”
O ataque japonês a Pearl Harbor que levou ao envolvimento dos EUA na segunda guerra e o conseqüente alistamento compulsório de jovens fez desacelerar o crescimento dos moto clubes no país, contudo, o som das bombas japonesas que explodiram em Pearl Harbor podia significar qualquer coisa, menos a morte dos moto clubes, na verdade, ocorreu exatamente o contrário.
Com o fim de Segunda guerra mundial milhares de jovens regressaram para casa. Alguns combatentes haviam sido treinados para guiar motocicletas em plena guerra, especificamente Harleys e Indians. Outros, que não haviam trabalhado diretamente com motocicletas, eram levadas a andar nas mesmas para aliviar a pressão do conflito armado. Por fim, dificilmente se encontraria algum soldado americano que tenha participado da 2ª Guerra que não tenha guiado uma motocicleta.
Um ponto é interessante destacar. Os homens que participavam de um pelotão, fossem eles fuzileiros navais, infantaria, reconhecimento etc. eram disciplinados a cuidar do seu parceiro do início ao fim dos combates. As constantes incursões de guerra altamente fatigantes desenvolveram um alto nível da interdependência nos membros de um pelotão. Durante os combates reais vivenciaram a morte lado a lado, bem como o gosto por matar o inimigo, entre outras atrocidades. Neste campo de vida e morte os homens transformaram-se em irmãos e muitos veteranos da 2ª guerra trouxeram esta irmandade para a vida civil.

Muitos desses soldados não conseguiram suportar a transição do ambiente de guerra para a monotonia da existência civil, buscando,assim, outra forma de viver.
“O Stress Pós Traumático e a formação psicológica dos motociclistas americanos…”
Ao regressarem da guerra, os combatentes foram aposentados e se afundaram na bebida em uma tentativa desesperada de afogar as memórias da batalha, buscando curar de qualquer forma as cicatrizes do conflito armado. Eles buscavam a todo custo se sentirem humanos. É importante considerar as idades destes homens: a idade média dos recrutas era de 26 anos. Muitos combatentes, ao retornarem, relataram sentimentos de descontrole e inquietação; suas personalidades anteriores à guerra tinham sido mudadas para sempre. Estes homens apresentavam variados graus de stress pós-traumático (PTSD). Esta desordem psicológica só foi diagnosticada oficialmente a partir da década de 1980. O centro nacional para a o stress pós-traumático define a desordem como:
“Uma desordem psiquiátrica que pode ocorrer após uma experiência ou ao testemunho de eventos traumáticos, tais como combate das forças armadas, desastres
naturais, incidentes terroristas, acidentes sérios, assaltos pessoais violentos e estupros. As pessoas que sofrem de PTSD frequentemente revive a experiência com pesadelo e flash back, têm a dificuldade para dormir e sentem-se destacados ou distantes das outras pessoas. Estes sintomas podem se tornar graves impedindo o cotidiano da pessoa afetada”.
Os pesquisadores encontraram em alguns veteranos de guerra efeitos relevantes do PTSD. Estes se envolveram atividades pessoais e de lazer que foge dos padrões comuns, tais como o motociclismo. Assim, parece lógico que os horrores da guerra e o inferno do combate podem ter modificado as personalidades pré-guerra destes homens para sempre. Foi construída uma nova personalidade que não cabe bem com a cultura do americano “normal”.

Não deve ser surpresa nenhuma que quando estes homens retornaram a vida cotidiana e recomeçaram seus trabalhos batendo ponto, vestindo ternos, fazendo relatórios, batendo martelos ou consertando automóveis, logo começaram procurar atividades de “lazer” que lançasse adrenalina em altas doses no corpo. Assim, os veteranos passaram a buscar os efeitos residuais de suas experiências do tempo de guerra procurando antigos companheiros que pudesse trazer o espírito de irmandade e talvez reviver alguns dos aspectos sociais mais selvagens da época da guerra. Logo as motocicletas americanas transformaram-se parte desta equação. Primeiro, devido ao nível elevado de adrenalina que as mesmas proporcionavam. Segundo, devido à característica anti-social e a imponência que as motos possuíam.
“O incidente de Hollister e a formação dos Outlaw Motorcycle Clubs…”
O período de formação parece alcançar seu auge com o incidente de Hollister, Califórnia, em 4 de julho de 1947. Esse episódio, que foi objetivo de reportagem pela Revista Life, misturado ao novo perfil dos motociclistas foi a mistura ideal para que os moto clubes não ligados a AMA emergissem.
Como declarado acima, apenas aos membros da AMA que recebiam o certificado de moto clube era permitido competir. Sendo assim, o mundo de competição era um fator de formação e difusão de moto clubes. A AMA era responsável pela regras relativas aos seus membros, à segurança das corridas, bem como pela imagem familiar que os eventos necessitavam para venda de ingressos.
Aparentemente, em 4 de julho de 2007 uma falha de organização ocorreu dentro da AMA e deu causa a um pequeno incidente em Hollister, Califórnia. Neste fim de semana em particular, ocorreu o encontro de vários clubes da motocicleta, incluindo Pissed Off Bastards of Bloomington (POBOB) e os Boozefighters Motorcycle Clubs, todos atraídos pelas corridas anuais que a AMA promovia por todo os EUA. Como estes eventos eram considerados de primeira linha, levavam uma legião de motociclistas, membros de moto clubes ou não. Naquele dia uma mistura de álcool e adrenalina resultou em incidente inusitado. Membros de moto clubes e não membros passaram a competir nas ruas da cidade consumindo quantidades maciças de cerveja. A algazarra produziu pequenos incidentes, entre eles dano ao patrimônio e ultraje público ao pudor, mas nada parecido com “um cerco à cidade”, como a revista Life noticiou.

A dúvida sobre o que realmente aconteceu em Hollister reside no fato de que a maior parte das pessoas que viveram aquele final de semana já faleceu. Na ausência de testemunha ocular, as opiniões se tornam contestáveis e talvez a verdade nunca apareça. As reportagens da época retratam Hollister como uma cidade tipicamente interiorana que foi abalada pela chegada de motoqueiros arruaceiros que fizeram da cidade um pandemônio, no entanto, há registros de que Hollister já havia abrigado outras corridas de motociclietas, inclusive a própria Gypsy Tour em 1936. Com isso, pode-se afirmar que a cidade calma que as reportagens apregoavam não é verdadeira e deve ser descartada como fonte primária. É certo que uma verdade aconteceu em Hollister, a sua incapacidade de abrigar a legião de motociclistas que se dirigiram àquela cidade em 1997 para comemorar o aniversário de 50 anos do incidente.


“Explicando o incidente de Hollister…”
O mito de 4 de julho de 1947 em Hollister pode ser atribuído a único fato. De acordo com alguns relatos, Barney Peterson, um fotógrafo do San Francisco Chronicle, publicou a foto de um motociclista bêbedo equilibrando-se precariamente sobre uma motocicleta Harley-Davidson, cercado por cascos de cerveja quebrados, segurando uma cerveja em cada mão com a seguinte manchete:
“E ASSIM A AMÉRICA” (and thus, America’s). O San Francisco.
Chronicle exagerou na licença literária para o relato do caso. Resumindo, o artigo afirmava que motociclistas realizavam competições em todas as ruas, assim como andavam com suas motocicletas dentro de bares e restaurantes. Para descrever este episódio a revista utilizou palavrascomo “terrorismo” e “pandemônio”.
Também afirmavam que as mulheres que acompanhavam os motociclistas eram qualquer coisa, menos senhoritas americanas.
O artigo serviu para insuflar os ânimos na região e logo apareceram os primeiros desentendimentos com resultado morte.
A revista Life, em 21 de julho de 1947, aproveitando o momento, publicou um artigo usando a mesma foto do motociclista bêbado com o seguinte título: “Ele e os seus amigos aterrorizam a cidade” (Cyclist’s Holiday: He and Friends Terrorize Town). O artigo afirma que quatro mil membros de um moto clube eram responsáveis pelo tumulto. Sabemos que foi um exagero espetacular. De acordo com a maioria das estimativas nenhum moto clube pode se vangloriar de ter conseguido juntar, pelo menos, a metade desse número, ainda mais naquela época.

“A origem dos Moto Clubes 1% e outras mumunhas mais… ”

O artigo com meras 115 palavras colocado logo abaixo de uma imagem gigantesca de um motociclista aparentemente bêbedo causou tumulto por todo país. Alguns autores afirmaram que o AMA liberou para imprensa uma nota que desmentia a sua participação no evento de Hollister e indicava que 99% dos motociclistas eram pessoas de bem, cidadãos cumpridores da lei, e que os clubes de motociclistas da AMA não estiveram envolvidos na baderna. Entretanto, a associação americana do motociclista não tem nenhum registro de tal nota. Tom Lindsay, diretor da informação pública do AMA, em nota declarou que “nós [AMA] reconhecemos que o termo 1% há muito tempo é atribuído a AMA (e provavelmente continuará a ser), mas em nenhum momento conseguimos identificar em nossos registros esta citação ou a indicação de que a AMA tenha publicado, por isso acreditamos que sua criação seja apócrifa.” A revista Life publicou comentário de pelo menos de três pessoas, um delas era Paul Brokaw, um editor proeminente de um periódico chamado Motorcyclist. Brokaw castigou a Revista Life considerando a imagem publicada totalmente descabida. Parece prudente fornecer o teor inteiro da mensagem de Brokaw, ao editor da Life:
Senhores,
As palavras mal servem para expressar meu choque em descobrir que o retrato do motociclista [veja The Life julho 21, 1947:31] foi obviamente preparado e publicado por um fotógrafo interesseiro e sem escrúpulos.

Nós reconhecemos, lamentavelmente, que houve uma desordem em Hollister – não ato de 4.000 motociclistas, mas de um por cento desse número, ajudada por um grupo de não motociclistas e apostadores. Nós, de forma alguma, estamos defendendo os culpados – de fato é necessária uma ação drástica para evitar o retorno de tais comportamentos.
Entretanto, vocês devem entender que a apresentação dessa foto macula, inevitavelmente, o caráter de 10.000 homens e mulheres inocentes, respeitáveis, cumpridores das leis e que são os representantes verdadeiros de um esporte admirável.
Paul Brokaw Editor, Motorcyclist Los Angeles, Calf.

Na carta acima, Brokaw indica claramente que os acontecimentos ocorridos em Hollister têm como origem pessoas anônimas. É importante frisar que Brokaw não indica quem são essas pessoas, mas de certa forma fala em nome da AMA. Interessante, Brokaw declara que nenhuma ilegalidade ocorridas em Hollister foi realizado pelos 4.000 motociclista, “mas um por cento desse número.” Parece lógico, na ausência de uma nota real da AMA sobre o assunto, que esta carta tenha sido a origem do termo “um por cento.” Uma outra carta publicada na mesma edição da Life, escrita por Charles A. Addams, define como sendo ilusória a idéia de que a metade da população do motociclista de Hollister eram membros da AMA. De acordo com Addams, “os quatro mil ‘motociclistas’ não eram todos os membros de um clube. Da AMA estavam presentes aproximadamente 50% do total e os outros 50% era motociclistas comuns que estavam aproveitando os três dias de feriado. Apenas cerca de 500 ‘motociclistas’ eram os responsáveis pelo desastroso evento de Hollister.” Quando combinadas, as cartas de Addams e Brokaw explicam o motivo que muitos afirmam que a AMA seja a dona da afirmação “um por cento”. Em carta a revista Life, Addams estabelece a possibilidade de uma considerável presença da AMA no evento e Brokaw parece estar falando em nome de uma organização em que o motociclismo é um estilo de vida. Assim, parece lógico concluir que estas duas cartas ao editor da revista Life sejam a origens do mito “um por cento” e da condenação da AMA. Observe que Brokaw, em sua carta, não fala claramente em nome de do AMA, mas ao longo do tempo as pessoas passaram a interpretarcomo tal. Enquanto os motociclistas comuns e as moto-organizações estavam tentando se distanciar do ocorrido em Hollister, clubes tais como o Boozefighters buscaram se enquadrar a ele. Assim, temos que o evento de Hollister de 1947 foi o fomento que falta para a consolidação dos moto clubes não alinhados a AMA, ou seja, os “Outlaw Motorcycle Clubs”. Deve-se deixar claro que estes clubes nunca pertenceram a AMA, logo não foram banidos ou coisa parecida.

“A difusão dos Outlaws Motorcycles Clubs e o conflito do Vietnam…”

Entre 1948 e princípios dos anos 60 os clubes de motociclistas (não aliados a AMA) se espalharam para fora da Califórnia estabelecendo um novo capítulo na história do motociclismo nos Estados Unidos. Outlaws Motorcycle Clubs tais como os Sons of Silence Motorcycle Club, surgiram no meio oeste, os Bandidos Motorcycle Club no Texas, os Pagans Motorcycle Club na Pennsylvania entre outros. Durante este período, vários membros do Pissed Off Bastards of Bloomington saíram do seu clube e formaram a primeira versão dos Hells Angels Motorcycle Club (HAMC). Igualmente, durante este período, os Boozefighters, um dos Outlaws Motorcycle Clubs originais, começou um declínio rápido no número de membros. O conflito do Vietnam (1958-1975) pode ser visto como um dos fatos mais recentes que contribuíram para o aumento dos Outlaws Motorcycle Clubs. Se o retorno dos veteranos da 2ª guerra foi um fator que auxiliou na formação desses moto clubes, o conflito do Vietnam foi à pólvora que faltava. Veteranos desse conflito afirmaram que se sentiam humilhados pela população em geral. Chegaram a ser rotulados de “assassinos bebês”. Alguns foram cuspidos e xingados nos aeroportos e, não poucas vezes, foram recusados em bons empregos, isso tudo após “ter feito seu dever” para com seu país. Considerando que os recrutas de 2ª guerra tinham em média 26 anos, os recrutas do Vietnam eram adolescentes mal saídos da puberdade. Eram convocados aos 19 anos. Com essa idade já haviam experimentado um dos conflitos armados mais sangrentos na história americana. Iguais aos veteranos da segunda guerra mundial, os meninos do Vietnam viveram o fogo do inferno da guerra. Viram a morte, matando e sendo ferido. Estes homens seriam mudados
para sempre. Sua inocência foi chamuscada em sua origem. Suas personalidades pré-guerra foram carbonizadas e o pó foi varrido para baixo do tapete.

“Os Moto Clubes 1% e a ascensão dos Hells Angels M.C….”

É nesse caldeirão fervilhante que surgem os moto clubes 1%. Eles emergem em uma escala nacional tendo como suporte o surgimento dos Outlaw Motorcycle Clubs. Para concretizar este nascimento, os clubes dominantes da época foram além. Observando a declaração atribuída a AMA, buscaram para si a responsabilidade de fazer parte daquele 1% que foi apontado em Hollister. Assim, criaram uma organização sem regras explícitas, não alinhados a AMA, ou seja, assumidamente Outlaw Motorcycle Club e passaram a se identificar por meio de um emblema em forma de diamante com a inscrição 1%. Concordaram também em estabelecer limites geográficos ao qual cada clube de motocicleta teria autonomia.

Um ponto significativo na evolução dos moto clubes 1% se evidenciou no verão de 1964 na Califórnia. Nesta época, dois membros do Oakland Hells Angels Motorcycle Club foram presos e acusados de terem estuprado duas mulheres em Monterey, no entanto, pouco tempo depois foram liberados, devido insuficiência de provas. Esse episódio foi à desculpa que faltava para que o governo do estado da Califórnia voltasse os olhos para os outlaw motorcycle clubs. O Senador Fred Farr exigiu uma investigação imediata sobre os estas organizações, encargo que ficou sob a responsabilidade do general Thomas C. Lynch.

Duas semanas mais tarde iniciaram-se as investigações. No ano seguinte, o General Lynch liberou ao público um relatório que esmiuçava as atividades dos outlaw motorcycle clubs tais como os Hells Angels. O relatório de Lynch pode ser considerado como a primeira tentativa de se classificar os clubes de motocicleta como um perigo para a comunidade e para o estado, entretanto, se resumiu em inferir que estas organizações possivelmente cometiam crimes como sedução de jovens inocentes, estupro e pilhagem de pequenas cidades. O relatório foi largamente contestado, até mesmo dentro das organizações do estado. A imprensa, no entanto, percebendo que a história dos Outlaw Motorcycle Clubs vendia bem, passou a publicar diuturnamente o lado negativo dessa organização. Talvez Andrew Syder seja o que melhor esboçou o efeito do relatório de Lynch. Segundo ele, o relatório moldou o conceito de moto clube na opinião do cidadão americano e não foi de forma positiva. Essa afirmação pode ser compreendida quando se observa os noticiários da época.

The New York Times: “Califórnia cria medidas para inibir baderna motociclistas” 16 de Março 1965, The Los Angeles Times: “Hell’s Angels – Ameaça sobre Rodas” 16 de Março 1965, Time: “Selvagens” 26 de Março 1965, Newsweek: “Selvagens?” 29 de Março 1965, The Nation: “Gang de motocicletas: Derrotados e esquisitos” 17 de Maio 1965,
The New York Times: “10.000 na baderna de New Hampshire” 20 de Junho 1965, Life: “Chega a Desordem” 2 de Julho 1965, Newsweek: “Motociclistas Palhaços,” 5 de Julho 1965, The Saturday Evening Post: “The Hell’s Angels” 20 de Novembro 1965.

Matéria extraída da Internet nos endereços:

http://www.gamamc.com/gama_arquivos/motoclub/histmc1.html

http://www.gamamc.com/gama_arquivos/motoclub/histmc6.html

http://ijms.nova.edu/November2005/IJMS_Artcl.Dulaney.html

Fonte: http://rockstrada.com/v2/?p=474#more-474

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