sexta-feira, 15 de maio de 2015


Como bom mineiro, não podia perder o trem, que às 06h10, pontualmente, partiu. Peguei o expedition da PeruRail. Muito confortável, cadeiras em disposição de 4 com mesa ao centro, janelas amplas e janelas panorâmicas no teto, serviço de bordo com um lanchinho e decoração das paredes do vagão com motivos incas.
Uma musiquinha peruana, daquelas de flauta bem lenta e o balanço do trem quase fazendo todos os passageiros desmaiarem. Então comecei com um Pearl Jam para degustar as paisagens, combinação perfeita de música e visual.

Os trilhos passavam por túneis escavados na pedra e a lateral onde eu estava a poucos centímetros dos paredões. Vi vários picos nevados e o trem acompanhou por muito tempo o leito de um rio.
Passamos por várias pequenas propriedades rurais, com pouco gado e ovelhas e algumas pequenas plantações de milho. Vi também uns dois ou três cemitérios pequenos perto dessas propriedades, enfeitados com muitas flores. Parece que sepultam seus mortos dentro do próprio terreno. Em certo momento, aumentou a velocidade e o trem pulava como um carro numa estrada de terra, a galera gostou da adrenalina.
Os passageiros no meu vagão eram 50% estudantes americanos, o resto misturado, algumas senhoras brasileiras muito animadas e, na minha mesa, duas senhoras americanas, estilo o filme vovozona, extremamente engraçadas.
A chegada na estação de trem de Machu Picchu impressiona, pela quantidade de comércios, restaurantes e alguns hostals. Comprado o ticket para o vale sagrado dos incas (128 soles), existem duas opções para se chegar ao parque: de micro ônibus ou então caminhando pela montanha. Optei pela caminhada, por causa do visual e também porque meu trem de volta seria apenas às 21 horas.

Você começa a caminhada por uma estrada de terra que acompanha um grande rio com corredeiras. Após uma ponte de madeira fica a entrada para o vale sagrado e início verdadeiro da caminhada de 1200 metros subindo a montanha, com escadas de pedra por dentro da mata. Um caminhador com preparo consegue fazer o percurso entre 45 minutos e uma hora.

Durante a subida você passa ao lado de pequenas quedas d'água, existem alguns pontos de descanso e o visual é insuperável.
Lá pelo meio da caminhada, apareceu um cãozinho que passou a me acompanhar. Eu gostei, pois comecei a conversar com ele (em espanhol, claro), e ele sempre ao lado, me dando forças rs. Mas após um tempo passou um grupo de americanos caminhando de volta e ele resolveu descer com eles.
Na subida da montanha, mesmo com temperatura por volta dos 9 graus, estava suando tanto que tirei as blusas, ficando só com a camisa. Foi um alívio. Ultrapassei muitos caminhando e muitos me ultrapassaram, cada qual no seu ritmo, mas a cada parada pra descansar ficar ali olhando o visual, escutando as quedas d'águas, os pássaros foi revigorante.
Para quem vier e não se sentir preparado para uma caminhada bem pesada como essa, pode optar por subir de ônibus e descer caminhando pela montanha, mas quem estiver viajando no modo conforto, o melhor é ida e volta de ônibus mesmo.
Numa das paradas da subida, havia uma cabana e alguns adesivos, dentre os adesivos um de um casal argentino/francesa que deram a volta ao mundo numa Kombi, inclusive ela engravidou e teve a filhinha durante a viagem, isso foi veiculado pela Vollswagen Brasil no encerramento da produção da kombi, como uma das histórias com a kombi. Uma pena que os adesivos Sucuris ficaram na bagagem no hostal.
Aproveitei uma das paradas para encher as garrafinhas de água vazias numa queda d'áqua, com certeza mais limpa que muita água mineral que se vende no Brasil. E a água já vinha gelada.
Finalmente cheguei ao topo após 51 minutos de caminhada. Lembrei da equipe caniana do meu amigo rafa. Logo na entrada, encontrei uns brasileiros, o Cleber e a Gabriela de BH. Foi legal porque eles contribuíram muito com minhas fotos.

Machu Picchu é um local mágico, místico, não há palavras ou fotos pra descrever. Você tem que vir aqui, ver com seus próprios olhos e sentir o lugar. Turistas do mundo inteiro perambulando pelas escadas de pedra, muitos guias com grupos contando a história da civilização inca e desse lugar. Para mim, chegar até aqui, durante uma viagem de moto, foi um sonho realizado.

A cidade, estima-se, foi construída em 1450, durante o governo de inka Pachacuti. Era um centro político, religioso e administrativo e um espaço sagrado. A cidade contava cm setores agrícolas, templos, casas, local de cerimonial e um observatório astronômico.

Como foi o meu dia? Eu caminhei pela montanha que leva à cidade Inca de Machu Picchu, andei por aquelas ruínas sentindo a energia do lugar e conheci a história desse povo. Sem mais palavras.


Todos os dias da aventura foram descritas em um diário que pode ser visto nos links abaixo:

Diários:


Vídeo: